E quando você menos espera ele aparece. Ele não tem dia, hora ou estação. Não importa se você vai estar bonita, de cabelo arrumado e maquiagem ou com um simples shorts rasgados e chinelos de dedo. Não importa se está num dia ruim, se bateu o dedo na porta, esqueceu a chave ou queimou a língua com brigadeiro de panela. Algumas vezes você nem quer mesmo que ele apareça. E eis que o danado se mostra todo bonito e charmoso e vem trazendo na mão um buquê de novos sentidos pra sua vida. E quem é que consegue virar as costas pra ele quando isso acontece? E mesmo que conseguisse virar as costas, quem disse que ele iria te deixar sair assim à francesa? O Amor. Não tem pressa, mas também não tem paciência. Chega pequenino, mas logo ocupa muito espaço. Faz você sorrir pro ar, brincar com os problemas e acreditar no impossível. Mas no ápice da sua alegria, felicidade e boa forma; eis que sempre surge um falso amigo. O Medo. Cheio das respostas prontas, inseguranças e bons conselhos. Ele chega com um álbum de fotografias numa mão, e um diário roubado do amor na outra. Folheia cada página, lê cada palavra, mostra todas as fotos. E faz com que o amor se lembre de cada detalhe do próprio passado, ressaltando os tropeços, as dores, as angústias. Faz o amor chorar. O Medo aproveitando o momento de fraqueza do amor, resolve lhe perguntar: Você me domina?Ou você vai me deixar te dominar? O Amor, com sua simplicidade, doçura e força, ergue a cabeça e diz: Não nasci pra ser dominado! E retira-se, abandonando o medo, seguindo em frente o seu próprio caminho.
[Escrito por Sandra Costa]
P.S.: Texto escrito depois de um sonho sinistro que eu tive com o escritor Paulo Coelho. Ainda estou na dúvida se entendi direito o que o sonho queria me dizer.